quinta-feira, 29 de novembro de 2007

A Falta e a Prece...


"Saudade é um pouco como fome. Só passa quando se come a presença. Mas às vezes a saudade é tão profunda que a presença é pouco: quer-se absorver a outra pessoa toda. Essa vontade de um ser o outro para uma unificação inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida."Clarice Lispector


Que a saudade não seja grande ao ponto de eu iventar você em mim, que seja sonho em carne viva... Saudade de cada segundo, saciado na sua presença, é paixão...



segunda-feira, 26 de novembro de 2007

http://www.portacurtas.com.br/Filme.asp?Cod=3276


Ali

ali só
ali se
se alice
ali se visse
quanto alice viu
e não disse
se ali
ali se dissesse
quanta palavra veio e não desce
ali bem ali
dentro da alice
só alice com alice
ali se parece

Paulo Leminsk

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Eu perco o chão e não acho as palavras, eu estou ao meio...


O silêncio é o começo do papo... (Arnaldo Antunes).

O grito mudo
Era ouvido pelos poros da carne
Não disse nada
Preenchia o vazio do silêncio
Com o corpo
As metades que se juntavam concretas como peças de um quebra cabeça
De almas desarticuladas
Sem passo, sem piso...
Uma muda metade...
E Uma metade muda: a procura de um passo certo...
O meios não justificam seus fins...
Seu vários fims.
Que iam se achando dentro de si...
E sumindo no caminho...
Perdendo e mudando os encaixes...
De almas desarticuladas...
Amas dê: Ar ti aladas
Amas A ti
Aos lados
Mas...
Ar...
Dê: Mais Ar...
A ti...
Dê: Mais Ar...
Aos lados
E as coisas ficavam ao meio...
Meia palavra...
Meio olhar...
Meio certo...
Meio errado...
Meio amigo...
Meio Amado...
Meio medo...
Meio culpa...
Meio andando...
Meio começado...
Meio acabado...
Meio nada...
Meio perdido...
Meio Achada...
Meio simples...
Meio complicado...
Meio esclarecido...
Meio silêncio...
Só No potencial... (o pulo que tem a mesma altura do tombo).
O mais fácil é a meia volta...
Ou a volta dos inteiros clara, como são, ou como sempre foram sem meias verdades...
É simples, e calmo, e o que diz não é boca que fala, são os ouvidos que se escutam.
Pedido (Arnaldo Antunes)
"...te dou amor enquanto eu te amar
prometo te deixar quando acabar..." Nem precisa ter que precisar...
Mais ou Menos
A gente pode morar
numa casa mais ou menos,
numa rua mais ou menos,
numa cidade mais ou menos
e até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir
numa cama mais ou menos,
comer um feijão mais ou menos,
ter um transporte mais ou menos
e até ser obrigado a acreditar
mais ou menos no futuro.
A gente pode olhar em volta e sentir
que tudo está mais ou menos,
tudo bem!
Mas o que a gente não pode mesmo,
nunca, de jeito nenhum:
É amar mais ou menos,
é sonhar mais ou menos,
é ser amigo mais ou menos,
é namorar mais ou menos,
é ter fé mais ou menos,
é acreditar mais ou menos.
Senão a gente corre o risco de se tornar
uma pessoa mais ou menos.
Chico Xavier

Ensaio de um sentimento....


De corpo e alma...

DESCULPE MAS TAMBÉM SE MORRE...

ETERNAS SÃO AS COISAS QUE NUNCA NASCERAM...
BELAS COMO FLORES DE PLASTICO...
QUANDO PERCEBEMOS A EFÊMERIDADE DAS COISAS A CHAMAMOS DE REAL.
A MORTE DAS COISAS ACONTECE NA SUA CONCEPÇÃO...
DO BOTÃO PRA FLOR...
DO MENINO PRO HOMEM...
MENINA PRA MULHER...
LAGARTA PRA BORBOLETA...
DO SONHO PRA REALIDADE?
DA REALIDADE PRA SONHO?
É RISCO DE DUAS VERDADES
O ROSTO COM O ESGAR MAIS ALTO DE PRAZER, GUARDA SEMELHANÇA COM A DOR.
QUE NOS RENASCE.
O ABRAÇO QUE É A PEQUENA MORTE.
O PULO QUE TEM A MESMA ALTURA DO TOMBO.


AMORES SÓ DE PRIMAVERAS: FLORES, BORBOLETAS...
Me fazem germinar. Por isso acho esse amor e amo.
Mas TENHO OUTONOS DENTRO DE MIM.
POR MAIS QUE SO TE VEJA, JÁ EM FLOR.

OS FANTASMAS DO QUE NÃO FOMOS
SÃO MAS NÓS, QUE O HOJE NOSTALGICO.

A resposta esta no...
silêncio.
O silencio é o começo do papo...
O desejo é o começo do corpo.... (Arnaldo Antunes)
O MEU PRAZER MAIS REFINADO NÃO SOU QUE VOU SENTI-LO.(Carlos Drummond de Andrade- O corpo)

Lamber o sonho em carne viva...
Distraidamente o vento passa pela carne e a arrepia...
distraidamente o vento sopra ao nosso favor...
distraidamente não peço, o que mas quero e o recebo...
E quando não quero, mais peço e não o tenho...
Por não estarmos distraídos...
È o acaso, que cria o caso...
È o caso que cria descaso...
A língua e a deusa de duas faces, produz a voz e transcende o desejo, até os poros da carne...
Ou lambe a carne, com o desejo mais transcendente, até os poros da alma...

Sentir é concreto ou abstrato...

Todo amante deve se sentir virgem junto pra amar, ineptos como adão e Eva, para o morder a fruta juntos e com prazer...
Se descubrirem novos em cada carinho inédito...
Num sentimento Virgem.
O amor não cabe em tempo e espaço algum a não ser na impemtoraneidade do outro.

(Mesmo depois sem vê-la sinto os pesamentos de lolita flutuando sobre os meus, Só poderíamos saciar aquele furor de posse mutua se cada um de nos assimilasse a última partícula da alma a do corpo do outro, perfeição que jamais poderá ser compreendida pelos insípidos jovens de hoje, com seus modos grosseiros e mentes padronizadas). Lolita Vladimir Nabokov


As pessoas apressadas na rua, se esbarram por que sentem a necessidade do toque, já que não tem mas olhar...
e há a confusão dos que se tocam tanto a procura de uma sensação profunda, que se esquecem do que queriam sentir e do que a sua alma pedia, e tornam o profundo supeficial.

Critica: O mundo sofre de uma ignorância afetiva, além de racional, disso não se fala sente-se:


Se só racionaliza-se um sentimento ele desgasta.
Se só racionaliza-se uma causa ela vira demagogia
Se só racinaliza-se um Deus ele morre.
Mas Sentir sem pensar é alienação...
Amor não se entende? Entende?

(O SILÊNCIO DE UM OLHAR NO OUTRO RESUME ISSO)


È só num lugar que esse meu grito vale mais, dentro da sua boca.
Que sem ser palavra ele fala.
È pra se entender a alma no corpo.

O concreto no abstrato.

Por não estarem distraídos...


Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos”
. Clarice Lispector .

A pequena morte



Eduardo Galeano


Não nos provoca riso o amor quando chega ao mais profundo de sua viagem, ao mais alto de seu vôo: no mais profundo, no mais alto, nos arranca gemidos e suspiros, vozes de dor, embora seja dor jubilosa, e pensando bem não há nada de estranho nisso, porque nascer é uma alegria que dói. Pequena morte, chamam na França, a culminação do abraço, que ao quebrar-nos faz por juntar-nos, e perdendo-nos faz por nos encontrar e acabando conosco nos principia. Pequena morte, dizem; mas grande, muito grande haverá de ser, se ao nos matar nos nasce.



"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.


O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.


"Vinicius de Moraes

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

A saudade em gotas - Saudação a saudade


A saudade é gota de chuva caindo apressada, com vontade voltar a ser vento.
O desejo é a saudade do ultimo carinho, na espera de novo que o sacie.
A saudade cai em gotas quando as carnes se roçam fazendo todo corpo se lamber e se beijar.
A saudade é a saliva das línguas, pra lavar o sentimento da utopia transforma-lo em paixão.
A saudade é gota salgada que escapa pela íris
Pra tentar tirar o Mar de dentro da gente.

Uma pequena tempestade no olhar...


A chuva nunca para de cantar, a chuva nunca para de chover... (cordel do fogo encantad0)

A chuva ensina a chora, o chora ensina a parar de chover...(arnaldo Antunes)