segunda-feira, 19 de março de 2007

Do bobo Plin...




A magia dos grandes artistas não pode ser ensinada; são segredos que se aprende com o coração. Essa magia se manifesta quando se resolve fazer a própria alma. (Plinio Marcos)

domingo, 18 de março de 2007

As funções: Nada do que é humano me apavora. Caio Fernando Abreu

"Não sei. Nada do que é humano me apavora. Não deve apavorar ninguém. Esta censura é uma coisa que eu nunca compreendi direito; porque certas coisas podem ser ditas e outras não. Outro dia, meu terapeuta falou uma coisa muito inteligente. Saiu uma crítica negativa sobre Os dragões não conhecem o paraíso na Folha de São Paulo. Cheguei arrasado na terapia, fiz aquele discurso de que serve escrever ficção neste País em que tem gente morrendo de fome. Aí, ele me falou assim: "mas os escritores, os ficcionistas e os poetas são os biógrafos da emoção. Se alguém, no ano de 2010, quiser saber o que as pessoas sentiam nos anos 80, ele não vai ler Veja, o Estado de São Paulo, o Jornal do Brasil; ele vai pegar a ficção, os poetas. Você tem que estar consciente de que a tua função social é fazer esta biografia do emocional". Aí a ficha caiu e eu comecei a me sentir útil de novo." (Retirada de uma entrevista em 1988).

quinta-feira, 15 de março de 2007

Rio que perde o chão é catarata...






Barco ao mar o chão é um vagar sem fim
Aportar sem que haja porto...
Eu sei que meu lugar nunca é aqui...
Então vou sem que saiba pra onde
Estou sempre longe
Preciso ainda seguir...

Leve-me com você
Por direção qualquer
Sem que não vai haver a rota exata...
Deixe correr em vão
Sem fundo esta paixão
Rio que perde o chão é catarata...

Sem lugar sou um estrangeiro em mim
Repousar sem que haja pouso
Essa cidade se desfaz...
Se refaz sem fim...
Mesmo assim não me encontro nela
Me escondo nela
Não sei mais de onde vim
Perambulo sem precisão
Transeunte comum
Não me acho namultidão
Sou igual qualquer um...

Leve me com você
Por direção qualquer
Sem que não vai haver a rota exata...

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ouvir...

http://www.museudalinguaportuguesa.org.br/museu/audio/praca_lingua.swf

Manifestando...



Texto extraído dos livro dos Abraços que trata a América Latina.
Os Ninguéns
Eduardo Galeano
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguéns com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.
Os ninguéns: os filhos de ninguém, os donos de nada.
Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida de cada dia,
fodidos e mal pagos:
Que não são, embora sejam.
Que não falam idiomas, falam dialetos.
Que não praticam religiões, praticam supertições.
Que não fazem arte, fazem artesanato.
Que não são seres humanos, são recursos humanos.
Que não têm cultura, têm folclore.
Que não têm cara, têm braços.
Que não têm nome, têm número.
Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.
´´As veias abertas do Extremo Leste´´
Esse título vem de um Livro do Eduardo Galeano, grande poeta e escritor Uruguaiano, que fala da Memória viva da América Latina, tratando-a como memória viva humana.
Moro num bairro chamado Itaim paulista no extremo leste de São Paulo. A maioria da população que formou esse bairro e os vizinhos, como São Miguel Paulista, São migrantes de alguma região do nordeste, minha família mesmo é do Ceará, a do meu vizinho da Paraíba, do outro Maranhão e etc.
Vieram em busca de trabalho e melhor qualidade de vida, uma grande demanda de migrantes para trabalhar em industrias, nos Bairros de Tatuapé, Penha, Brás e etc. Meu pai mesmo veio em 1974 e trabalhou em uma fábrica no Tatuapé. Em busca de mão de obra barata e pouco especializada, para trabalhos mecânicos e com cunho de linha de produção, a indústria precisava de braços, não de cabeças, pra confecção de produtos, com o objetivo de criar um campo grande de consumo. Como o que se tem hoje.Uma comunidade e juventude consumista, superficial e explorada. Minha mãe e quase todas minhas tias, trabalharam em linhas de produção. Foi se criando no extremos desses bairros de Periferia, outros bairros conhecidos como extremo lestes (aqueles bairros que quase não se acha no mapa). Como Itaim Paulista, São Miguel Paulista, Ermelino Matarazzo. Onde a maioria, da classe operaria se instalou. Pensando nisso descobri como nosso bairro é colonizado.Pela grande sistema de ´´Tecnocratas´´, que dominam hoje a vida desses bairros. Não se vem de um lugar, não se identifica uma raiz cultural, por que a cultura foi esquecida e dispersada, o resgate dos valores é a novela das oito que traz. E a Cultura é trocada a cada nova tendência televisionada.

Agora minha prima, eu e a maioria de meus amigos trabalham em empresas de Telemarketing, como minhas tinham trabalhavam em linhas de produçao, mas agora não se necessita tanto de braços, mas de cabeças, manipulaveis pro consumo, para o fortalecimento do mercado e enfraquecimento da opção, da personalidade e do trabalho como contribuição de um individuo pra a sociedade, mas sim como ´´serviço´´- Servir.
Que cada adolescente que não teve base, quando não esta desempregado, consegue esse serviço que é a onda do Mercado, trabalhando com sistemas hipócritas e streessantes de pouco resultado profissional para crescer esse campo de uma industria individualista, competitiva e consumista.
Também, onde estudantes são apontados na cara pelos professores na faculdade, ou até qualquer curso técnico que dizem: Você não tem base! desculpa! por isso você não entende!(Valeu Sérgio!rsrs). As escolas ensinam que o que se deve ter, não se tem senão for do jeito que o Mercado de trabalho quer, e isso se reflete no País que não funciona em sistema de nação, mas de congresso. Ela prepara pra um mercado de trabalho, não pra um trabalho, ou uma escolha. As políticas públicas são instáveis, e de interesse partidário, e a cultura recebe a importância que o´´Brasil´´lhe dá: 2% de investimento, com abaixos assinados e manifestações a favor do seu aumento, enquanto deputados aumentam seus proprios salários, como a País não é nação, o público também é privado. Os espaços culturais não fomentam, cultura, criam cargos oportunistas. E de índole partidária não respeitando a livre expressão.

O resquício que se fica dessas aculturização, é uma música na boca do nosso vô, que a gente ouve desde pequeno mas não entende o que é; uma palavra ou expressão da nossa mãe: Ochi! que a gente repete sem saber de onde vem; quando muito uma historia velha do seu pai, de um brinquedo velho que ele mesmo fez.
Rafael Araújo Teixeira

Finalizo com três vozes que já me traduziram e como diz galeano, por mais fodido e lascado que se esteja, sempre haverá um conpatriota em algum lugar, mesmo que não seja nesse tempo, nem nesse lugar que se está... mas na celebração de nossas humanidades que é imtemopral.

Quero falar dessa gente que só come da banda podre. Dessa gente que berra da geral sem nunca influir no resultado. É disso que quero falar.
Plínio Marcos

A gente vai se acostumando...A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que gasta de
tanto se acostumar, e se perde de si mesma. (Clarice Lispector).


Enquanto a Loucura diz que tudo isso é normal, eu finjo ter paciência (Lenine).

A primeira provocação ele agüentou calado...





"...A primeira provocação ele agüentou calado.

Na verdade, gritou e esperneou.

Mas todos os bebês fazem assim, mesmo os que nascem em maternidade, ajudados por especialistas.

E não como ele, numa toca, aparado só pelo chão.

A segunda provocação foi a alimentação que lhe deram, depois do leite da mãe. Uma porcaria.

Não reclamou porque não era disso.

Outra provocação foi perder a metade dos seus dez irmãos, por doença e falta de atendimento. Não gostou nada daquilo. Mas ficou firme. Era de boa paz.

Foram lhe provocando por toda a vida. Não pode ir a escola porque tinha que ajudar na roça. Tudo bem, gostava da roça. Mas aí lhe tiraram a roça.

Na cidade, para aonde teve que ir com a família, era provocação de tudo que era lado. Resistiu a todas. Morar em barraco. Depois perder o barraco, que estava onde não podia estar. Ir para um barraco pior. Ficou firme. Queria um emprego, só conseguiu um subemprego. Queria casar, conseguiu uma submulher. Tiveram subfilhos. Subnutridos.

Para conseguir ajuda, só entrando em fila. E a ajuda não ajudava. Estavam lhe provocando. Gostava da roça. O negócio dele era a roça. Queria voltar pra roça.

Ouvira falar de uma tal reforma agrária. Não sabia bem o que era.

Parece que a idéia era lhe dar uma terrinha. Se não era outra provocação, era uma boa.

Terra era o que não faltava. Passou anos ouvindo falar em reforma agrária.

Em voltar à terra. Em ter a terra que nunca tivera. Amanhã. No próximo ano. No próximo governo. Concluiu que era provocação. Mais uma.

Finalmente ouviu dizer que desta vez a reforma agrária vinha mesmo. Para valer. Garantida.

Se animou. Se mobilizou. Pegou a enxada e foi brigar pelo que pudesse conseguir. Estava disposto a aceitar qualquer coisa. Só não estava mais disposto a aceitar provocação.

Aí ouviu que a reforma agrária não era bem assim. Talvez amanhã. Talvez no próximo ano... Então protestou.

Na décima milésima provocação, reagiu. E ouviu espantado, as pessoas dizerem, horrorizadas com ele: - Violência, não!...


Luiz Fernando Veríssimo.

AMPULHETA


Vulcão Dub (Bi Ribeiro - João Barone - Herbert Vianna)

A velha idéia me assalta
Porque descobri enfim
Os tais cenários de dor
Como nos livros que li
A sensação me toca
Toca Fundo em algum lugar
Aonde é tudo familiar
como cenários que nunca vi
Mas se você me quer eu te quero
Se não, não me desespero
Afinal eu respiro por meus próprios meios
Afinal eu vivo enquanto espero

segunda-feira, 12 de março de 2007

Retrato pra Iaiá...

Rr
´´Não consigo dormir . Tenho uma mulher atravessada entre minhas pálpebras. Se pudesse, diria a ela que fosse embora; mas, tenho uma mulher atravessada em minha garganta.´´ Eduardo Galeano

Perdi meu grito na boca daquela outra.
Esbarrei cego no escuro tateando, qualquer sinal de luz ou sombra,
Nos teu olhos entorpecidos.
Nossos rostos se roçavam como num abraço sem mãos.
De um carinho novo, de um sentimento Virgem.
E como coxas que se entrelaçam.
Um lábio encostou no meu,
E mastigado entre os dentes,
Achei meu grito dentro da sua boca.
Perecebi e lambi o sonho em carne viva e na saliva em que ele se lavava das incertezas...
Caí no Mar...
Por que perto dela eu não era nem menino demais,
Nem homem feito
era amor.

sexta-feira, 9 de março de 2007

NOSTALGIA EM FLOR


ANDO ATRASADO NUM TEMPO DE PASSOS DE FORMIGAS
MEU PASSO É MAIS LARGO QUE MINHAS PERNAS
POR ISSO MEU CHÃO É CÉU E MEU TEMPO É OUTRO.

TEMPO DE SEGUNDOS ETERNOS
E ETERNIDADES TEDIOSAS.

COMO NUM SAMBA DEUMA BATUCADA QUE SÓ CONHEÇO PELAS BATIDAS DO MEU PEITO DIGO:

-MEU MUNDO É HOJE...

E NOSTALGIA NADA MAIS É, DO QUE UM DESEJO PRESENTE, DESEJANDO UM SENTIMENTO ANTIGO, QUE DESEMBOCA NUM MOMENTO FUGAZ OU NUM FULGOR FUTURO...

AQUELA SAUDADIZINHA DAS COISAS QUE AINDA ESTÃO POR VIR...

A VIDA É ASSIM... TUDO NUMA COISA SÓ.

COMO O CORPO É NA ALMA E A ALMA É NO CORPO.

PASSADO É RAIZ.
PRESENTE É PLANTA.
E FUTURO É FLOR...

´´Entre aspas´´









Seria trágico se não fosse cômico...



Seria piegas se não fosse romântico...



Seria politico social se não fosse simplesmente humano...



Seria toque, se não fosse palavra...



Seria acaso, se não fosse ensaiado...



Seria errado se não fosse sem querer...



Seria eu se não fosse você...



Não seria tão complicado se não fosse simples...



Seria banal, se não fosse poesia...



Seria transmissão de pensamento, se não fosse plagio...



Seria atrapalhado, se não fosse atrapalhado...



Seria errado, se desse certo...



Não seria listrado se não fosse do avesso...



Não apareceria tanto se tentasse esconder...



Seria utopia se não fosse revolução...



Seria Demagogia, se não fosse ideologia...



Seria herói, se não fosse covarde...



Seria de novo, se já não tivesse sido...









O palhaço sempre vive entre ´´aspas´´, não sabe o que é, mas sabe que é, confirma mais a dúvida e traz mais interrogações, do que dá respostas. Se traduz numa língua que nem ele entende, e ao mesmo tem que se perde nas sua questionações e contradições é uma citação no meio da frase, que tem a humildade de se destacar, emprestar seu corpo, sua voz, sua sensibilidade, e se dar por inteiro para expor para a platéia os aleijões da alma humana.

Eu amo os atores nas suas alucinates variações de humor, nas suas crises de euforia e depressão. Amo ator no seu desepero de sua insegurança, quando ele como viajante, sem bussula da fé ou da ideologia, é obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente, procurando no seu mais secreto ínfimo afinidades e distorções de caráter que seu personagem tem.

Plínio Marcos

Criar não é só imaginar é correr o risco de ter a realidade
Clarice lispector

Colocar você pra fora de si, sob alguma forma.

Demasiadamente eu


É porque ainda nao sei ceder. É por que no fundo eu quero amar o que eu amaria - e não o que é. É porque eu ainda não sou eu mesmo, e então o castigo é amar um mundo que não é ele." (...)
Criar não é imaginar é correr o risco de ter a realidade.
Clarice Lispector


Sempre sou demais ou de menos, ou numa metade ou na outra, ainda não aprendi a caber dentro de mim, preciso do outro; que é metade demais como eu; então não nos cabemos. Mas não tem que se ter cabimento para crescer! Inventei o que não existe, mas inventei. Então existe! Inventar amores que te reinventam depois, e cair surpreso num destino que parece que não é seu.
Ser donos de histórias que não são suas.

Esse é o risco de viver ao meio, as duas metades numa só, só o beijo ser abstrato que consegue viver cinco sentidos num só e só o corpo tem o poder de unir as metades como peças concretas de um quebra cabeça.


Há homens que nascem póstumos. (F.Nietecheze)
Há historias que nascem póstumas aos homens que lhe fazem.

Dá-me mas vinho que a vida é nada.
(Fernando Pessoa)
A morte é monotonia, a vida é variedade.
(Machado de Assis)

O infinito tem o peso esmagador do nada.
O eterno do que nunca nasceu.
Ou foi o Homem que nunca nasceu para o eterno...
E Esse tentar traduzir na suas metades? racionalXpassional
As metades que se traduzem uma na outra.
Será? Vida.
E arte?
È conseqüência.

O que me resta?

O nada.
È por isso vou fazer ao meu modo eu vou fazer, um samba para o infinito...
Ou transformo o Tédio em Melodia...

Amores são como esfinges que perguntam: decifra-me ou te devoro.


Amores são como esfinges que perguntam: decifra-me ou te devoro.

Devora-me então.
Como não tenho sentido...
De rumo, só de peito..
Existe em face do outro que encontro, e me perco...
Pois este é minha melhor crise existencial, o outro sim, sabemos exatamente por que existe, sem saber.
Com a fé necessaria pro ser humano que só usa 10% da sua cabeça animal e sente muito mais do que pensa, pra se ter as coisas que ainda não se tem, a materia viva da relidade é o sonho, a transcendecia.! realidade é matéria amorfa sem as coisas intagiveis, aqueles que não pega com as mão, o maximo que o corpo consgeue é o desejos e o brilho de alam nos olhos. Tão claro como duas peças roçam na outra e criam fogo, ou um um sentimento que nos faz suar e palpitar.
As coisas mais reais que tive foram as que inventei, cai num destino com a surpresa de nele caber como se eu o tivesse inventado.
Eu não tenho sentido. Eu não tenho sentido nada.
Além dos meus cinco sentidos.
O sentido que eu sigo é o outro, pois em face dele tenho cinco sentidos, cinco caminhos, concretos como alma, concreto como as coisa que se sente, sigo o paladar e lambo o sonho em carne viva, o gosto do gósto... Sigo o olfato e cheiro a nostalgia como massa infinita do efêmero, no tato procuro o encaixe que se faça, para o milagre concreto de dois corpos no mesmo espaço, como peças concretas de uma engrenagem, de almas que se procuram intangíveis, e se acham no abraço da carne, como a noite, chega aos poucos e joga seu corpo por cima do dia e os dois se diluem em aurora, da ultima partícula de corpo de um, até a ultima particula de alma do outro, pra depois darem-se espaço a si, para enxergarem sua própria lua e seu sol, enquanto isso o vento sopra ao favor, testemunha dos dois mundo, se lança em carinhos leves de nostagia, enquanto cda um produz sua estelas e luzes. Sigo ouvido a procura da voz do silencio, que é necessario para criar a melodia... se adormece, pros os olhos se falarem e se escutarem, e caio no caminho mais proximo da alma, os olhos, criadores de não seis, do não e do ser, do sim e do não, do pulo e do tombo, e me findo no itinerario da concretude do abstrato...

O céu é azul, mesmo cinzento, ou branco, é feito de ar...(Caio Fernando Abreu)

Zeca Baleiro - Ópio

Eu não quero aquele, eu não quero aquilo,
Peixe na boca do crocodilo
Braço na Vênus de Milo acenando tchau.

Não quero medir a altura do tombo
Nem passar agosto esperando setembro
Se bem me lembro
O melhor futuro, este hoje escuro
O maior desejo da boca é o beijo
Eu não quero ter o tédio me escorrendo das mãos
Quero a Guanabara, quero o rio Nilo,
Quero tudo ter estrela, flor, estilo
Tua língua em meu mamilo, água e sal

Nada tenho, vez em quando tudo
Tudo quero mais ou menos quando
Vida, vida noves fora zero
Quero viver, quero ouvir, quero ver
(se é assim, quero sim... acho que vim pra te ver)

O desejo é o começo do corpo...

(Arnaldo Antunes).

Tranformar o tedio em melodia...
Ou fazer uma canção pro infinito...

O metade é o lugar da onde poder subir até o topo ou descer até o fundo... Quando o sol bater na janela do teu quarto lembra e ve que o caminho é um só...


Não quero só o raciocinio que se restringe dentro da minha pele, e pensamentos que me batem na testa. Tenho que viver os mistérios pra não trair os milagres.
(C.L?)

A duas formas de se ver a vida, uma é não acreditar em milagres, e a outra acreditar que todas as coisas são milagres.

Albert Einsten

Inventar alegrias que te reinventem.
Sem fingir a dor que deveras sente.Pois quando se vai tirar a mascara ela pode estar pega a cara.

Retalhos


Todo pessoa tão cetica È resultado de alguém com medo de sonhar demais
Todo sistema mais duro de defesa
È apenas um sintoma de fraquezaQuanto mais se aperta a farda
Menos se cabe nas suas proporções.
Viver sonhando é difícil, porque é tudo inventado.
O pulo tem a mesma, altura do tombo.
É como costurar uma colcha muito grande pra um colchão pequeno.
Levantar e deixar os sonhos no travesseiro.
Acredita na brincadeira então, até a mascára que é tua cara se pregar ao rosto.
Ou chega a hora em que eles caem em uma palavra ou olhar que te vira do avesso.
Difícil é... Como num espelho, que quando você começa a ver qual é tua imagem, percebe que já o atravessou, e as coisa viram do avesso.
Você se encontra com você, e fala tanto sozinho, prova tanta coisa pra si mesmo, na esperança um dia poder chorar no teu proprio ombro.
Quando a gente se vê num olhar, a gente não enxerga o próprio olho.
Ai quando estamos só parece que sobra alguma coisa.
Que nosso pé não cabe no nosso passo.
A colcha que se faz é assim, se corta e se rasga primeiro, depois se separa os retalhos.
E se costura numa coisa só.
O caos é o começo da idéia.
O querer, o começo do ser.
Cultura-Arnaldo Antunes

O girino é o peixinho do sapo
O silêncio é o começo do papo
O bigode é a antena do gato
O cavalo é pasto do carrapato
O cabrito é o cordeiro da cabra
O pecoço é a barriga da cobra
O leitão é um porquinho mais novo
A galinha é um pouquinho do ovo
O desejo é o começo do corpo
Engordar é a tarefa do porco
A cegonha é a girafa do ganso
O cachorro é um lobo mais manso
O escuro é a metade da zebra
As raízes são as veias da seiva
O camelo é um cavalo sem sede
Tartaruga por dentro é parede
O potrinho é o bezerro da égua
A batalha é o começo da trégua
Papagaio é um dragão miniatura
Bactérias num meio é cultura...